Monday, February 4, 2008

AMORES LÁ DO ALTO DA SERRA


Foto: By José Costa


Ai, os amores lá do alto da serra...

Inocentes, brincavamos ao apanhada numa oportunidade de podermos nos tocar...
Lá do fundo se ouviam ecos buzinar até os calhaus vibravam com tanta exaltação.
- Ó João já foste buscar o pão?
- Maria vem comprar a sardinha...
Inocentes nos riamos em gargalhadas mistas sorrateiras e maliciosas.
Então gaiatos como eramos, gritávamos: - Ó Maria já não compras sardinha se acabou só se quiseres farinha.
- O João não foi buscar o pão anda no jogo do pião.
Como raposas matreiras, enganadoras nos riamos até as lágrimas nos correrem cara abaixo.
Então tu muito sorrateiro com cara de anjo que não partia prato, agarravas a oportunidade com unhas de gato. Secavas minhas lágrimas com a palma da tua mão.
Descarado numa corrida me roubavas um beijo dos meus tenros lábios, deixando um sabor a pouco e chorar por mais.



Sobre as carumas de pés descalços eu corria atrás de ti: - Seu atrevido manhoso, quando te apanhar já te digo.
- Apanha-me então que te dou outro.
Eu corria ladeira abaixo com minha saia verde voando á brisa do vento.
- Grande descarado! E se eu disser ao teu pai?
- Não dizes não. – Digo sim...gritava eu já sem fôlego.
- Tu sabes bem o que vai acontecer se disseres alguma coisa. As nossas brincadeiras d’ apanhada se acabarão, dizia ele todo sorridente olhando para trás com aquele olhar doce de petiz sabedor.
Eu sentindo-me derrotada me ria por dentro sabendo que ele tinha razão. Eu até gostava daquelas loucas aventuras dele. Aqueles doces beijos me faziam cocegas na barriga eram como borboletas livres voando por tudo quanto é canto dentro de mim. Lá ia ele até ao rio... tinha de ser... lá tinhamos os melhores momentos... entre nadar... salpicar água um contra o outro... coleccionar pedras entre outras mil e uma coisa, tudo á imaginação dele.
Quando o sol já se via pôr lá por detrás da serra , estavamos derrotados de tanto devertimento. Nos deitavamos sobre o manto verde onde testemunhamos vezes infinitas formas inimagináveis de flocos brancos voando pelo céu a fora.
Que lindos momentos de ternura e inocência aquela... ele era o principe dos meus sonhos, o meu herói...
Só quando cada um ia para seu ninho me dizia ele baixinho: até amanhã princesa das minhas loucuras...
Eu me sentava á porta de casa quando o céu se enchia de diamantes, relembrando o dia de aventura passada e pedindo a cada diamante mais um dia do apanhada com o principe dos meus sonhos lá no alto da serra.

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